Vitinho – 35 anos

“Diário de uma avó e de um neto em casa Confinados”

terça-feira, 30 de maio 2021 – Vitinho 35 anos

A marca portuguesa Koala Rest relançou a emblemática Almofada Vitinho.

Uma almofada que fez as delicias de muitas crianças.

Venham com a “avó e o neto” saber mais sobre o Vitinho, que encantou miúdos e graúdos nos anos 80.

Querida avó,

Sabes quem faz hoje 35 anos?

O Vitinho! O famoso protagonista da série de desenhos animados, que animou miúdos e graúdos por mais do que uma década.

Nessa altura, eu teria uns 14 anos, mas recordo-me que o Vitinho dava todas as noites na RTP, e anunciava a hora das crianças irem para a cama. Mas não eram só as crianças que admiravam o Vitinho, eram também os adultos.

A RTP andava à procura de um espaço diário de animação com o objetivo de criar uma hora que levasse as crianças a deitarem-se mais cedo. Na altura, discutia-se que as crianças ficavam a ver televisão até muito tarde. Imagina o que tinham para discutir hoje, em que as crianças têm tanto para se entreter.

O Vitinho foi um sucesso tão grande que foi para além da televisão. Era Vitinho em livros, em CD´s, nos cereais, canecas e tigelas para o pequeno almoço … Cada vez que íamos à Baixa, ficávamos de olhos colados nas montras das lojas. Estas estavam repletas de discos, cassetes, livros… eu sei lá que mais… A minha mãe acaba sempre por nos comprar qualquer coisa. Tenho que falar disso com ela, provavelmente ainda existem vestígios do Vitinho lá por casa.

Lembro-me do meu irmão ser pequeno e teimar em não ir para a cama.

A minha mãe dizia: ”Meninos, assim que der o Vitinho vão para a cama e não há mais conversa!”

Nisto começava:

“Está na hora da caminha

Vamos lá dormir

Vê lá fora, as estrelas

Dormem a sorrir

E amanhã cedinho, bem cedinho

Tu vais ver

Acordas mais forte e mais esperto,

Isso é crescer

Boa noite

Mãe: boa noite, dorme bem

Pai: vá lá Vitinho, toca a dormir

Mãe: até manhã um beijinho

Sonhos lindos

Adeus e até amanhã! “

Quando olhávamos, já a criança estava a dormir.

Impressionante, a influência que o Vitinho tinha nos miúdos. Conseguia mandá-los para a cama a sorrir, coisas que os pais, por muito extremosos que fossem, não conseguiam fazê-lo com a mesma facilidade.

Uma época em tudo diferente da que estamos a viver! Em que as crianças brincavam na rua, esfolavam os joelhos, não havia tantos carros, o que facilitava andarmos de bicicleta nas ruas e inventar inúmeras brincadeiras.

Uma época em que a minha mãe podia estar em casa, e da janela ver-nos a jogar à bola com balizas feitas pedras na rua. Em que as mães de algumas meninas as deixavam ir para a rua, jogar ao elástico com as outras crianças, sem as preocupações atuais.

Depois, começamos a tocar às campainhas do prédio e fugíamos.

Tudo tão diferente de hoje!

Hoje Lisboa tem ciclovias, que é bom para andar de bicicleta, mas as crianças já não brincam nas ruas.

Temos medo dos pedófilos, ouvimos falar do bulling e as crianças já não brincam como brincaram os pais. Hoje, desde pequenos ficam aparvalhados a olhar para os ecrãs dos telemóveis.

Era fácil ser criança nesses dias, principalmente se compararmos com a infância dos nossos pais que, em muitas casas, começavam a trabalhar ainda em crianças.

O Vitinho acabava sempre assim: ”Sonhos lindos, adeus e até amanhã.”

Boa noite avó. Até amanhã

Querido neto,

As coisas de que tu te lembras…

Deve ser do confinamento. Tudo nos vem à cabeça.

Eu a pensar que só as velhotas como eu se lembram do Vitinho. Mas claro que tu, e todos da tua geração se lembram.

Mas é engraçado falares do Vitinho … Ainda há pouco desci as escadas para ir ver se tinha correio e encontrei uma vizinha que me disse que tinha estado à conversa com a neta sobre os 35 anos do Vitinho. Claro que a miúda nem sonhava quem tinha sido tal personagem, até gozou com ela e perguntou-lhe se era algum namorado E a minha vizinha lá lhe contou tudo.

Mas dei comigo a pensar que se calhar a minha vizinha também não sabia tudo. E perguntei-lhe se sabia que a Maria Alberta Menères até tinha escrito um livro sobre o Vitinho.

Abriu tanto a boca de espanto que até ia engolindo a máscara.

“Ai, vizinha Alice, as coisas que aconteciam nessa altura…Mas agora que fala nisso também me lembro que todos os cantores conhecidos cantavam músicas sobre o Vitinho …o Paulo de Carvalho, a Lena d’Água… Coitados, tinham de fazer pela vida…

Riu-se e , já a subir as escadas para ir para casa ainda me disse:

“Sabe, vizinha Alice?  Ainda bem que me esqueci de dizer essas coisas à minha neta…Ela não ia acreditar e eu ainda passava por mentirosa!.

E pronto meu neto, como diria o Vitinho “ boa noite e até amanhã.”

Outros capítulos aqui: “Diário de uma avó e de um neto em casa Confinados”