“Retratos contados da Sylviane Jung”
“Sylviane Jung está radicada em Portugal há cinco décadas. Fez esta opção por amor à família“
Retratos Contados da Sylviane Jung
Por Moema Silva em Exclusivo para os Retratos Contados
Nascida em Paris há 72 anos, Sylviane Jung está radicada em Portugal há cinco décadas. Fez esta opção por amor à família, dado que foi casada com um português e dessa união resultaram dois filhos.
Divorciada há 32 anos, Sylviane continuou no nosso país para estar sempre perto de Alexandra e Stéphane Castro Ferreira. Ambos estão hoje casados. Alexandra, hospedeira da Air France, com o economista Luis Sanches Afonso.
E Sthépane, que foi campeão de golf e continua profissionalmente ligado à modalidade, com a russa Marina Gebenikrova, mãe do seu filho, Ricardo, de 20 meses.
Sylviane, que adora cozinhar, costuma reunir a família (cinco gatos incluídos!) pelo menos uma vez por semana ao redor da mesa, na sua casa de Lisboa.
Mas recentemente, a família reuniu-se em outro cenário para prestigiar a matriarca.
Conhecida e respeitada como terapeuta, Sylviane Jung iniciou uma nova fase da sua carreira com o lançamento do livro “A Magia da Intuição”, que decorreu no Restaurante Tapabento Trindade, no Porto.
Como a maioria dos seus clientes mais fiéis é do Norte, essa foi a forma que ela escolheu para os homenagear.
Aliás, foram os clientes e seguidores do seu blog www.lescheminsdel’intuiton, que insistiram para que ela passasse os seus ensinamentos para um livro.
Afinal, Sylviane conta já com mais de 30 anos de carreira como consultora na área do desenvolvimento pessoal. Conjugando várias técnicas, tais como tarot, hipnose, relaxamentoe visualização, entre outras, tornou-se famosa através de consultas, workshops e conferências, conquistando fiéis seguidores em Portugal, na França e na Bélgica.
Mas mais do que um livro, “A Magia da Intuição”, que teve primeiro uma versão em francês, é na verdade um manual prático, com apenas 20% de teoria. Os restantes 80% são ocupados com exercícios acessíveis a toda a gente que esteja interessada em promover o seu desenvolvimento pessoal usando a intuição. Para saber mais sobre essa capacidade e sobre a trajetória pessoal e profissional de Sylviane Jung.
Oiçam aqui a Sylviane Jung a falar do seu livro “A Magia da Intuição”:
Moema Silva – A Sylviane está a lançar o livro “A Magia da Intuição”. Diz que herdou a intuição da sua mãe. Como se apercebeu disso?
Sylviane Jung – A minha mãe e avó eram intuitivas. Quando eu era criança, não se falava em intuição, isto é um termo recente, com no máximo 20 anos. A minha mãe usava uma expressão em francês: “É o meu dedo mindinho que me está a dizer…”. Ela adivinhava coisas que me deixavam completamente espantada: “Como é que ela conseguiu saber isto?!”
M. S. – Mas que tipo de coisas ela adivinhava?
S. J. – Eram coisas simples, como ter certeza que eu havia andado de bicicleta sem autorização dela. A minha mãe tinha uma butique de roupa em Paris, passava o dia no trabalho. Eu voltava da escola e ia passear. Ninguém me via, poucas pessoas tinham telefone, não havia telemóveis…não a avisavam, não lhe contavam, mas ela sabia. Eu ficava tramada!
M. S. – Era apenas em relação a si que ela tinha essa intuição?
S. J. – Não! Ela também sabia quando o meu pai pai tinha ido com os amigos beber um café depois do trabalho. Ele negava, dava uma desculpa para o atraso, mas ela dizia que sim com tanta certeza, que apesar de ficar danado, ele acabava admitindo. Enfim, não eram coisas importantes, nada drástico.
M. S. – E a Sylviane acha que a sua mãe herdou isso da mãe dela?
S. J. – Pelo que me contavam, posso dizer que sim, foi uma herança dela. Essa avó nasceu no princípio do século XX, em 1874. Numa época em que não era comum, nem era bem visto falar-se deste assunto. Mesmo a minha mãe, que nasceu em 1907, não expunha essa capacidade. Não era uma vidente profissional. Ela usava a intuição com os familiares e com algumas clientes.
M. S. – Mais alguém na sua família possui essa capacidade?
S. J.- Sim, os meus filhos também a herdaram. A minha filha, Alexandra, é especialmente sensitiva em relação a pessoas e ambientes. Ela reage muito de acordo com essa sensibilidade. E o meu filho, Stéphane, já me surpreendeu várias vezes com premonições. Um dia em que eu estava a preparar-me para ir jantar com uma amiga, ele disse que eu me atrasaria por causa de um incêndio. Realmente, isso aconteceu. Foi espantoso!
M. S. – Como era a sua relação com os seus avós, na França?
S. J. – Não os conheci. Já haviam morrido. Eu nasci quando a minha mãe tinha 37 anos. O meu avo paterno era alemão e tomou nacionalidade francesa em 1910. Todo o lado do meu pai veio da Alsácia. Do lado da mãe, a família era de uma província a 250 kms de Paris.
M. S. – Como é a sua relação com o seu neto em Portugal?
S. J. – Por enquanto, o Ricardo ainda é bebé, tem só 20 meses. Fará 2 anos no dia 7 de Fevereiro. Neste momento, é uma relação normal de avó com uma criança pequena. Mas estou contente por saber que ele vai para o Liceu Francês Charles Lepierre, pois terei muito gosto em ajudá-lo nos estudos. Acredito que isso vai reforçar a nossa relação mais tarde.
M. S. – Acha que a herança genética é importante para usarmos a intuição? Ou qualquer pessoa a tem e a pode usar?
S. J. – Não sei se tem a ver com os genes. Mas se somos criados numa família em que as pessoas acreditam nestas coisas, obviamente isso irá influenciar-nos. Acho que a maneira de criar os filhos é mais importante do que a genética. Eu sempre ouvi a minha intuição e os meus filhos sempre souberem e conviveram com isso. Da mesma forma, quando eles supunham ou adivinhavam alguma coisa, eu nunca dizia que não acreditava. O pai deles, meu ex-marido, não acreditava em nada. No início do nosso casamento, se eu comentava algo relacionado com a minha intuição, ele dizia: “Lá estás tu…”. Depois, na fase final, já era ele que me perguntava: “ O que que achas?”. Mas eu, na verdade, eu não acho, porque achar é mental. Eu sinto. No sentir é que está a intuição.
M. S. – A maioria das pessoas duvida da própria intuição. Será que toda a gente sabe que pode intuir? Só não sabe como?
S. J. – Toda a gente possui intuição. Depois, é uma questão de acreditar nela e desenvolvê-la. Se você estiver convencido que não possui intuição, não vai a lugar nenhum. A maioria das pessoas tem falta de confiança em si própria. A partir do momento em que se predispõe a ouvir a intuição, sabe que vai trabalhar sem rede. E o medo do perigo, do desconhecido, muitas vezes é mais forte do que a vontade de nos aprofundarmos no nosso desenvolvimento pessoal. Esse receio só desaparece com a prática. Cada vez mais se vai praticando e cada vez mais se aprende a ouvir a intuição. Até que um dia, acreditamos completamente nela e assumimos isso. É como ir aprender uma língua estrangeira, uma outra maneira de falar e encarar as coisas. No princípio, parece difícil e precisamos mesmo arriscar. Mas, chega um momento em não há mais dúvidas. Passamos a utilizar a linguagem da intuição de forma natural.
M. S. – A intuição já a salvou de situações difíceis?
S. J. – Muitas vezes. Vou dar um exemplo real. Na juventude, tive um flirt com um rapaz muito bonito e simpático. Certa vez, concordei em sair com ele de carro para um passeio. Mas, de repente, comecei a sentir-me mal e tive que sair do carro. A chorar como doida, sem nenhum motivo aparente. Depois vim a saber que ele era um intermediário no negócio do sexo e fornecia jovens “donzelas” a senhores mais velhos. Safei-me!
M. S. – No seu livro, qual é o principal conselho que dá às pessoas?
S. J. – É o de ouvir a si mesmo. As pessoas vão se aperceber que isso nos dá uma direção, nos mostra o caminho a seguir. Mas, como dizia Galileu, “nós não podemos ensinar nada às pessoas, só podemos ajudá-las a compreender que já têm tudo dentro delas”.
M. S. – Experimentou pessoalmente todos os exercícios recomendados no livro?
S. J. – Todos, um a um. Fiz questão absoluta disso. Experimentei com os meus filhos, com amigos e em workshops. E como resultaram bem, já comecei um novo livro sobre o tarot intuitivo e o tarot psicológico. Será mais um guia prático, também com o objetivo de facilitar a vida das pessoas. Para que sozinhas, através do tarot, possam se desembaraçar e encontrar, dentro delas próprias, as soluções para os problemas e as respostas que procuram.
M. S. – O que a sua intuição lhe diz sobre esta nova etapa da sua carreira, iniciada depois dos 70 anos de idade?
S. J. – Eu nunca duvidei que seria um sucesso. A minha intuição garantia-me isso. Não por ser prepotente, mas porque indico ferramentas universais, acessíveis a pessoas de qualquer nacionalidade. Mesmo que não goste de um determinado exercício proposto no livro, pode-se passar à frente e encontrar algo que o fará sentir-se melhor. Fiz muitas leituras intuitivas e os seguidores do meu blog incentivaram-me imenso a escrever este livro. Tenho fé em mim. Como terapeuta e como intuitiva. Desde pequena, gosto de ajudar as pessoas e de as ver bem.
M. S. – Para encerrar, uma curiosidade. Consta que as mulheres são mais intuitivas que os homens. É verdade ou não?
S. J. – Não. Nós fizemos um pré-lançamento do livro no blog e fiquei espantada porque metade das encomendas vieram de homens. A intuição não é apenas feminina, é de todos. Contudo, as mulheres sentem e expressam as coisas e expressam com mais naturalidade, pelo que lhes é atribuída maior intuição. Mas no que respeita ao livro, o interesse é de ambas as partes. E constatar isso tem sido uma novidade também para mim. Fico satisfeita por poder ajudar a todos.
Oiçam o que o astrólogo Paulo Cardoso tem para dizer sobre o livro “A Magia da Intuição”
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Agradecimentos:
Isabel Canhola Restaurantes Tapabento – Porto
Fotógrafo Joaquim Norte de Sousa