Ano Novo?! Finalmente 2021.

“Diário de uma avó e de um neto em casa Confinados”

Ano Novo Vida Nova!? Finalmente 2021.

Querida avó,

Finalmente chegamos a 2021! O Mundo inteiro estava ansioso para que 2020 terminasse!

Um ano atípico, que a maioria das pessoas não imaginava algum dia vivê-lo. 

Para a comunicação social foi um ano daqueles… Pandemia, as transferências  entre Queluz e Carnaxide encheram (e continuam a encher), capas de jornais e revistas, o Trump perdeu as eleições e não quer sair da Casa Branca, o Bolsonaro diz tudo isto é uma “gripezinha”,  e como se não bastasse, Jesus voltou (o do Benfica, claro está)!

Foi-nos pedido para não termos grandes encontros nem grandes folias nesta entrada de ano novo.

Todos os anos costumamos ver na televisão, os fogos-de-artifício de muitos países, consoante a fuso horário em que cada um vai entrando no Novo Ano. Como será este ano?

Desde criança, costumo assistir ao Concerto de Ano Novo, realizado pela Filarmónica de Viena na sala grande do Musikverein em Viena, na Áustria. O concerto costuma ser visto por um bilhão de pessoas em mais de cinquenta países. Em Portugal, nos últimos anos, costumo ser comentado pelo nosso querido Júlio Isidro. Como será este ano?

Os mais novos não devem saber, mas nos anos 50/60, em Lisboa,  as pessoas atiravam (literalmente) pela janela, tachos e pratos velhos. Felizmente que essa tradição deixou de existir! Mas ainda há muitas famílias que vão para a janela “bater tachos”. Fazer barulho no ano novo, dizem que afugenta os maus espíritos do ano anterior.

Existe quem tenha a tradição de ir a banhos na água gelada no dia 1 de janeiro. Dizem que “ experiência enrijece os ossos, dá saúde e purifica o espírito”. Eu adoro fazê-lo quando passo o ano no Rio de Janeiro. Aqui, na Europa nem pensar!

Há quem dê importância a vestir roupa nova. No que diz respeito à roupa interior, muitos escolhem a cor consoante o que desejam para o ano que vai começar. Diz que fazer a cama com lençóis novos atrai boa sorte e amor. Subir para uma cadeira, atirar dinheiro para dentro de casa, passar a meia-noite com uma nota no sapato, no bolso ou na mão, contar as doze badaladas com o pé direito no chão, acender todas as luzes e abrir todas as portas, … são tantos os rituais…

As minhas avós costumam dizer-me “Não tenhas planos para a vida que a vida tem planos para ti”! Este ano que passou foi exemplo disso!

Julgo que comer 12 passas enquanto pedimos 12 desejos, e brindar com champanhe, são as tradições mais usuais.

Cada um faz o ritual que lhe agrada mais, não custa tentar!

E tu avó? Como costuma ser a tua passagem de ano?

Feliz 2021 avó.

Querido neto,

Nunca fui muito de festejar o Ano Novo.

Primeiro porque os filhos eram pequenos e, se saíssemos, não tínhamos com quem os deixar.

Depois porque os filhos eram crescidos e iam lá às festas deles.

Quer dizer, a minha filha ia raramente. Para aguentar deitar-se muito tarde (e muito tarde para ela era para aí 1 da manhã, no máximo), tinha de dormir à tarde. E às vezes não podia. Então, nada feito. Ficava em casa e acompanhava-nos—às vezes já com olhos piscos de sono—no ritual que nunca faltou: as 12 passas comidas à meia noite, em cima de um banco. Coisa rápida, e depois voltava tudo ao mesmo: ela ia para a cama e a gente voltava ao que estava a fazer antes.

Mas lembro-me de um ano, em que eram 5 da manha e o meu filho ainda não tinha chegado a casa. Achei que era festarola a mais, e comecei a inquietar-me. O meu marido, que eu evidentemente tinha acordado, só dizia: “deixa-me dormir, o rapaz está-se a divertir, lembra-te de quando tinhas a idade dele”

Quando eu tinha a idade dele ninguém me deixava sair de casa sozinha fosse para o que fosse, quanto mais para uma festa, mas enfim, não disse nada.

Ainda não havia telemóveis e eu não sabia o que fazer. Até que, finalmente tomei uma atitude drástica. Eu sabia que ele tinha ido com o melhor amigo, ele tinha vindo buscá-lo cá a casa, e resolvi ligar para casa dele.

O meu marido, ensonado, “estás doida, vais telefonar para casa de pessoas que nem conheces às 5 da manhã??”

E eu ralada.

Liguei mesmo e passados uns segundos o amigo dele atende-me.

Com a voz mais calma deste mundo. Como se fossem 5 da tarde.

“ Sabes do André?”

“ O André? O André está ali na sala.”

“ Na sala? A fazer o quê às 5 da manhã?”

“O quê??? Já são 5 da manhã? Olhe, nem demos pelo tempo passar.”

“E afinal o que é que vocês estão a fazer?”

“A jogar xadrez. Não nos apeteceu sair, estava muito frio…”

Esta é daquelas passagens de ano que nunca esqueço.

O ano 2020 também será um ano que nunca iremos esquecer!

Se há um ano nos dissessem que iriamos viver uma Pandemia, que íamos andar de máscara, que não nos podíamos abraçar, beijar, conviver … que iriamos estar em confinamento, depois em recolher obrigatório, e que iriamos chamar tudo isto de “Novo Normal” … diríamos que era mentira. Mas a verdade foi, e continua a ser essa. Em 2021 virá a bendita vacina.

Feliz 2021 querido neto.

Outros capítulos aqui: “Diário de uma avó e de um neto em casa Confinados”