Falar sobre os meus avós é falar sobre sabedoria!
Falar sobre os meus avós é falar sobre sabedoria, falar de outros tempos em que a idade trazia o respeito dos mais novos. Eu tinha uma enorme admiração pelos meus avós, pessoas que sempre trabalharam muito para criarem e educarem os filhos. Eram os 4 alentejanos, os meus avôs com mais fibra e garra, as minhas avós mais doces e meigas. É das suas humildes casas e das reuniões de família, quase sempre em ocasiões festivas, que eu guardo as minhas melhores recordações de infância.
Eu chamo-me Isabel, como também assim se chamava a minha avó paterna, por quem eu tinha um carinho especial. Uma pessoa cheia de fé, que nos levava todos os anos à igreja da Nossa Senhora da Visitação, em Montemor-o-Novo, para pagar a promessa por termos passado mais um ano com saúde.
Lembro-me de muitos dos conselhos que ela me dava, sempre para que eu fosse melhor e conseguisse chegar mais longe na vida. Hoje em dia interrogo-me se os mais novos tem a noção de que um dia também vão chegar a velhos (e os que tiverem essa sorte), o que é que o faz menosprezar, desrespeitar e maltratar os que já chegaram mais longe do que eles?
A sociedade não é feita de números é feita de homens e mulheres, é feita de pessoas, de sentimentos, sobretudo de agradecimento para com aqueles seres que sem a sua bravura, a sua destreza, as suas lutas, as suas vitórias nada seria hoje igual. São seres dóceis que anseiam por atenção, por carinho, por afeto, por um abraço ou um beijo, por sentirem que ouvimos as suas histórias e as suas histórias fazem parte da história de cada um de nós e temos tanto a aprender com eles, temos tanto a aprender com eles até para não se perder a nossa identidade cultural.
É por tudo isto que admiro a cultura oriental o de a velhice é sinónimo de sabedoria e respeito. Ser avô e avó é tudo o que a palavra abarca e muito mais. Merecem o nosso agradecimento e serem tratados com dignidade, valor e afeto até ao fim dos seus dias.
Tenho tantas saudades dos meus avós!