“ Segura e consoladoramente, os netos são as derradeiras âncoras dos avós! “
LOUVOR AOS NETOS
Os netos aglutinam os sonhos e as palavras amorosas nunca gastas, ostentam os contagiantes sorrisos que sobem pelos veios sensíveis das almas dos avós, e consubstanciam, em permanência, a intranquilidade que paradoxalmente sossega…
Fazem eco dum passado que se despe e renova; transformam-se em agasalhos e bálsamos para esbaterem (tantas vezes!), o gelo da vida e as dores que sobrelevam os corpos exaustos dos seus ascendentes mais velhos; esmagam vicissitudes com o seu natural optimismo; oferecem meiguice; são solidários, e constituem-se como trevos de quatro folhas a salvaguardarem a sorte dos dias; são trigais de afecto e cordialidade, a convidarem ser colhidos pelo amor, uma e outra vez, e outra e outra mais…
A sã irreverência dos corpos, lembram abraços atravessados pelas mansas brisas da ternura; espalham gestos que gratificam e comovem; as suas vozes pacificam, e lembram amanheceres de ruidosa e sã alegria; assumem-se como embriões que afastam as crostas da tristeza, e materializam o júbilo dos dias fraternos; têm ímans irresistíveis nas maças dos seus rostos, nas quais os avós, beijando-as, fazem desaguar todo um imensurável carinho; as epidermes das mãozitas pequeninas e hesitantes, lembram texturas de musgo em cada surpreendente carícia; os netos transformam em noites de lua cheia, as trevas da frustração e do medo, que tantas-e-tantas vezes se radicam nas mentes e corações dos avós; dos olhares, transparecem os puros brilhos das mais gratas inocências; ávidos por viverem, espantam-se maravilhados com o mundo que vão paulatinamente descobrindo, e as palavras que deles ecoam, parece trazerem água e terra e húmus e mel; conjugam todos os bons verbos, e só estes; comportam-se como setas embebidas em líquido proveniente duma doce entrega, atingindo e tonificando os mais nobres sentires dos avós…
Em boa verdade, os netos são todas as circunstâncias nas circunstâncias deles mesmos, e todas as datas em cada data das suas vidas: flores primaveris que o são, cabem pujantes e garridas nas emoções que despertam e alimentam…
Os netos – os providenciais e benquistos netos – , são o melhor, do melhor que possam os avós usufruir!
Severino Moreira
“Os netos é que saciam a sede de afecto dos avós, abrindo os braços e dando-lhes voz” …
PENSAMENTOS DE UM AVÔ
Para os avós, este é um tempo inevitavelmente duro…
Quando os avós convivem com os seus mais pequenos vindouros, inspiram vida e consolo, tantas vezes vindas de frases inacabadas, tímidos sorrisos e trémulas expressões – próprias das almas incendiadas pelas mais profundas e vivas emoções. Eles sentem então, que cada tempo assim gasto, é tempo ganho, e que cada carícia dada é ternura recebida…
Neste tempo de perplexidade, mágoa e ausência, os avós lembram-se dos silêncios gerados pelos olhares húmidos e cortantes, que inocentemente alternam as perguntas feitas e as respostas sempre dadas…
LIVRO: Poemas-Carta a um menino-luz – Severino Moreira
Partindo duma situação concreta, e pessoalmente testemunhada, o autor procura sensibilizar a sociedade para um dos maiores e difíceis desafios do nosso tempo, e que por todo o mundo se tem vindo a multiplicar: o autismo. De facto, e durante dez anos, Severino Moreira refugiou-se como que numa subtil purga emocional, redigindo e idealizando enviar cartas a um menino (seu neto), assolado por uma perturbação do espectro autista, talvez assim exercendo a sua própria catarse – esta consabidamente definida como terapêutica psicanalítica para a erradicação dos sintomas…
Por esses textos, foi dando conta das várias vertentes do problema, e consequentemente, das dores e preocupações que naturalmente daí advêm, após um diagnóstico que é obviamente recebido com surpresa, mágoa e estupefacção.
Saibam mais sobre este livro e outros livros dos autor aqui: Livros Severino Moreira
Todos os Natais, Severino Moreira encanta miúdos e graúdos junto da Árvore de Natal do Centro Colombo.
Espreitem muito mais sobre o Severino Moreira e sobre o Pai Natal. Podem ver também uma cónica da Alice Vieira sobre o Severino Moreira aqui : Retratos Contados do Pai Natal e do Severino Moreira