“Diário de uma avó e de um neto em casa Confinados”
terça-feira 5 de janeiro 2021 – Aniversário Júlio Isidro
Querida avó,
O Júlio Isidro completa hoje 76 anos.
Alguém acredita? Julgo que nem o próprio acredita! O Júlio é um jovem num corpo de um homem! A idade metabólica do Júlio, não tem nada a ver com a data que está no C.C.!
O Júlio tem tudo, só não tem comparação!
É transversal a várias gerações. Uma das personalidades mais conhecidas da televisão portuguesa, de todos os tempos.
Lembro-me de ser bem pequeno, e assistir ao Fungagá da Bicharada aos, sábados à tarde, na televisão a preto e branco lá de casa. Mais tarde, ainda na mesma televisão, recordo-me do Tio Julião a pôr em prática o seu gosto pelos trabalhos manuais.
Nos anos 80 chega a televisão a cores, e as memórias de programas como o Passeio dos Alegres, o Clube dos Amigos Disney e tantos outros. Recordo-me de estar sentado a vê-lo atentamente naquelas tarde que tínhamos tempo para tudo. Tardes em família. Ele era (e é), mestre em captar a atenção de todos.
O ano passado, o Tio Julião celebrou no Casino Estoril, os primeiros 60 anos, de carreira. Foi um privilégio ter assistido a esta linda, e justa, homenagem.
Não fosse a Pandemia, juntos teríamos organizado uma bela Exposição retrospetiva desses 60 anos de carreira. Não aconteceu o ano passado, mas irá acontecer um dia!
Não podemos ser indiferentes, ao facto do Júlio nos anos 80 esgotar estádios e teatros, com o programa “Febre de Sábado de Manhã”. Numa altura em que só existiam 2 canais de televisão, não existiam redes socias, nem internet, nem telemóveis … logo de madrugada, vinham pessoas de todo o lado para assistir ao espetáculo ao vivo.
Hoje tenho o privilégio de conhecer pessoalmente o Tio Julião, que ao longo da minha infância esteve dentro do aparelho de televisão, como se estivesse na nossa sala, como se fizesse parte da nossa família, no fundo faz!
Hoje continua a ser um privilégio vê-lo nos programas Traz para a Frente e no Inesquecível, onde o mestre partilha com as diversas gerações os Retratos Contados de personalidades que jamais devem ser esquecidas.
Incrível, como alguém que esteve para não entrar na televisão por “ser feio, hoje é conhecido por ser o “Sr. Televisão”.
Avó Alice, ver se entrevistamos o Júlio para os Retratos Contados.
Proponho que levemos para a entrevista um tabuleiro repleto de lindos duchesses.
Beijinhos.
Querido neto,
O Júlio Isidro celebrou mais um aniversário. Que bom, acontece aos melhores. O contrário é que seria chato.
A primeira vez que me lembro de o ver foi num programa da RTP para jovens. O Júlio, o João Lobo Antunes, e a Lídia Franco. Ele e o João eram muito divertidos e estavam sempre a dizer às (muitas) meninas que viam o programa: “Vá lá, não ponham óculos escuros, senão como é que podemos ver os vossos olhos?”
Nunca me esqueci desta frase. Nem dos sorrisos deles ao dizê-la.
Depois encontrámo-nos de novo no Rádio Clube Português, por altura das primeiras eleições legislativas. Eu ia gravar o tempo de antena do MDP-CDE, e o Júlio estava lá para me guiar.
E, tal como ele costuma dizer, lançou toda a gente, (até lançou o Herman, e o António Variações, coisa de que hoje ninguém se lembra…). Também me lançou a mim! Foi o Júlio que me fez a primeira entrevista, quando eu publiquei o meu primeiro livro, “Rosa, Minha Irmã Rosa”, em 1979.
E depois “A Febre de Sábado de Manhã”, gravado ao vivo no princípio dos anos 80. Podia ter escolhido qualquer teatro, qualquer auditório, mas não: foi logo escolher o Cinema Nimas, ao lado da minha casa!!
Quem é que podia resistir?
Depois vieram os programas na RTP, levou-me a quase todos.
Agora, quando acabo de ver na RTP-Memória os seus programas, vou para o computador e ponho-me a mandar-lhe mensagens a comentar…”Então esqueceram-se de…” ; “ Olha lá, e não era a…”; “Sabes que depois aconteceu….”, etc. Responde-me sempre, claro. Mesmo que seja muito tarde.
Há uns tempos pedi-lhe que apresentasses um dos meus livros de crónicas, “Só Duas Coisas Que, Entre Tantas, Me Afligiram”. Fez uma apresentação brilhante.
E era ver algumas pessoas (que decerto não te conheciam muito bem…) a murmurar: “ah, nunca imaginei que ele escrevesse assim!”
Pois escreve! E fala. E comunica bem com toda a gente. E tem uma memória de elefante. E faz aviões.
E tem dois netos que ainda são mais altos do que ele.
Quando foi inaugurada a Exposição sobre a minha obra literária, foi o Júlio Isidro que convidaste para fazer a abertura. E que bom que foi! Um momento Inesquecível para os três e para todos os que estiveram presentes.
Parabéns, meu querido Júlio.
Querido neto, não percebi para que queres “um tabuleiro repleto de lindos duchesses”.
Para celebrar o aniversário do Júlio?
Beijinhos. Cuida-te.
Outros capítulos aqui: “Diário de uma avó e de um neto em casa Confinados”