“Diário de uma avó e de um neto em casa Confinados”
sábado, 9 de janeiro 2021 – Depois das Festas
Querida avó,
Já passou o Dia de Reis, esta na hora de arrumar as decorações de Natal!
Há datas para tudo e mais alguma coisa!
Segundo a tradição cristã, a árvore de Natal deve ser montada no primeiro domingo do Advento. No entanto, considera-se que dá má sorte, manter a árvore de Natal mais do que 12 dias após o Natal. Como tal, em Portugal, há muita gente que arruma as decorações de Natal dia 6 de janeiro,
Enquanto estamos a arrumar tudo, podemos ir partilhando com as crianças, a história do Rei que trouxe para Portugal, a tradição do São Nicolau e da árvore. As crianças podem imaginar D. Fernando II, a implementar em Portugal, o Natal como era vivido em Viena (Áustria). Certamente para matar saudades de como era vivida esta época na sua infância. Na noite de Natal, o rei vestia-se de São Nicolau e trazia os presentes aos pequenos infantes e aos filhos de quem trabalhava no palácio das Necessidades, onde a família real passava as épocas festivas.
Para além de partilharmos com as crianças, as tradições que nasceram no reinado da D. Maria II, devemos partilhar com elas também a simbologia do Natal.
Certamente vão gostar de saber o significado do Presépio, da Árvore de Natal, da Missa do Galo, a que de deve o ato de trocar presentes com aqueles que nos são queridos.
Aproveitamos o dia, e partilhamos com as crianças o que é o Dia de Reis, o nome dos Reis Magos e o que cada um ofereceu ao Menino Jesus.
Querida avó, com tanta arrumação já me deu a fome!
Não sei se coma uma fatia de Bolo Rei ou de Bolo Rainha. Ou se opte uma “Galette des Rois” ou uma “Rosca de Reyes”. O bolo-rei já não traz uma fava nem o brinde.
As tradições podem já não ser as que eram! Mas podemos ter a certeza que no próximo mês de dezembro voltamos ao mesmo!
Mesmo inovando, jamais podemos esquecer que o Natal é uma expressão de fé e cultura.
Boas arrumações. Se quiseres ajuda para arrumar as centenas de Presépios liga-me.
Bjs
Querido neto,
Como sabes sou muito “nataleira”.
Logo no princípio de Novembro começo a tirar das caixas os meus mais de 100 presépios. Aquilo é um subir e descer de escadote contínuo, mas nunca me sinto cansada.
Este ano, já sabemos, tudo foi diferente: muito poucas pessoas, nada de virem filhos e netos, e todos em casa cedinho. E ainda temos sorte de não vivermos na Bélgica porque aí, segundo ouvi na rádio, só autorizaram 4 pessoas, na rua ou no jardim (deve estar cá um calor…) e só uma pode ir à casa de banho. Não sei que fizeram as outras, se calhar agacham-se junto de uma árvore e aí vai disto.
Também nem pensar em ir à Missa do Galo, onde o melhor de tudo era estarmos todos juntos, aos beijinhos e aos abraços (Aqui recordo a minha neta mais nova, muito pequenina, que nunca tinha posto os pés numa igreja, quando a levei à Missa do Galo. Portou-se muito bem, ao meu lado e, na altura do ofertório, quando lhe dei umas moedas para ela pôr na bandeja, ela pôs tudo como eu tinha dito e depois exclamou: “que bom, avó! Já pagámos, já podemos ir embora!”)
Voltando aos Presépios, existia um que gostava muito de fazer com os meus netos, quando estes eram pequenos. Só um, em que elas podiam mexer. E o que lá punham, lá ficava: em cima da gruta um aviãozinho de plástico do INEM que o meu neto Diogo, muito pequenino, lá punha, porque o Menino Jesus podia constipar-se, e assim já podia ir para o hospital. Junto da manjedoura estava Nossa Senhora, São José o e Pai Natal. Diante da gruta dividiam-se os bons para um lado, pastores, reis magos, e os maus para o outro, centuriões romanos, dinossauros, Dart Vader.
De tudo, acho que é disto que tenho mais saudades.
Agora está na hora de voltar ao sobe e desce o escadote para arrumar tudo novamente.
Todo este exercício físico já me abriu o apetite.
Não me fales em ““Galette des Rois” que me fazes recordar os tempos que vivi em Paris.
Boas arrumações.
Bjs
Outros capítulos aqui: “Diário de uma avó e de um neto em casa Confinados”